Armando Reverón en el documental de Margot Benacerraf (Venezuela, 1952).

Armando Reverón en el documental de Margot Benacerraf (Venezuela, 1952).


la rebelión consiste en mirar una rosa

hasta pulverizarse los ojos


Alejandra Pizarnik


ETIQUETAS

Poemas de Dioselyn Tovar y Laura Fernandez



Viviana Marcela Iriart, poema de Laura Fernández, Torino febrero 2011

vmi, foto  Beatriz Iriart






Cela el mar
al irte,
cela el aire,
cela ir.

Irte ví
viva.
Iría al ir?
Cela el mar.
Cela vivir.

La vi
ir
a lar?
al arce?  
amar?

Cela mar.
El mar te cela
viví a mar.
Vivían.
La ví amar
La vi ir. 

La mar viva cela.
La vi ir




Con todo mi cariño


Febrero 2011
Torino, Italia
Artista plástica




 
  
Nace  en Buenos Aires, Argentina
Desde hace 10 años reside en Torino, Italia.
Artista plástica y docente. 
Ha realizado diversas muestras colectivas en Argentina e  en Italia.








"23 poemas dispersos de Violeta Cesar" de Dioselyn Tovar  



  

Dioselyn Tovar. Foto: Carlos Andrés Pérez Flores


INCERTIDUMBRE BAJO Oº

He construido muchas naves con los vientos en contra,
Hay una sentencia de mar arañando estas paredes,
La pura melancolía me asiste madre en estas horas.
Cálida me cobija los pies
Último gesto de amor en este lunes.
Querido avestruz, sálvame del verdugo que abre mis silencios de animal en reposo.
Limpia mis zapatos con tu lengua sabia
Corona mi sangre con tus semillas
Equivoca el rumbo de mis perseguidores
¡Con movimiento uniforme en la ansiedad hoy respiro!






AVES TACITURNAS  

Me complacen estas exequias tributadas a tu ausencia
Te increpo en latín porque una centuria nos separa
Y tú te has entristecido en láudano

En aquel tiempo el reloj de arena que ahora soy
Daba un salto al vacío
Mi escalera caustica termina en ti
Empedernida caigo siempre del mismo dolor

Dos sillas giran sobre sus ejes
Para descomponer la exactitud del tiempo
De espaldas a tus súplicas desciendo

Explícame ese agujero en tu costado
Sin estremecer al ave taciturna de mis ojos

Ellas traman el espiral de Li-Po
Pretenden desconocer los heraldos del mandala
Niegan la aguja en su santo lugar
Inmisericordes se pavonean fructificados
En el sauce de mis vientos

Con qué octosílaba te venero
Ven y atiborra la culpa tras mis violetas
Con la dorsal vencida de puro desatinar al blanco
Emprendo con tus camisas un oficio de aguas mansas.






Nada es más veloz que la muerte, ni tan siquiera la luz, que es ella misma
 Violeta César

UNA FULGURACION

Ando de cínica burlando al odio
En todas sus madrigueras

Mi dolor se queda dormido
Sobre sus babosas iras

Apago espejos en mis ojos
De muñeca de trapo

Vuelves mariposa moribunda
De tus colores a ondular la tarde

Encuentras en esta Ciudad
Tu incesante presencia Dandil

Has consumado la muerte 
Bajo el signo del amor

Al alba vestirás la incandescencia de tus horas

La densidad de tu voz ha logrado derribarme

Partirá, la nave partirá
¡No, no al tristísimo viaje!

In Memoriam a David Suárez














Violeta César y el principio de incertidumbre de la conciencia humana



EL PEZ Y LA NADA

Todo se vuelve humo sobre nuestras ansias
Y la nada recorre nuestros cuerpos opacos
Derrotado por el miedo

Parecidos a un pez muerto
Parecidos
Al cero a la izquierda de tantas noches
Sin tu respiración

Humo esta nave que me regresa a tus brazos
Y nuestros cuerpos son aguasanta
Donde el pez muerto respira
La nada es un puerto inevitable
A Roberto Dib in memoriam


 
© Dioselyn Tovar
"23 poemas dispersos de Violeta Cesar "

(fragmento)
Libro inédito






Dioselyn Tovar nació en Venezuela (1958). Estudió Filosofía, Arte y Teatro en la Universidad Central de Venezuela, participando  en montajes teatrales. Se radicó en Cumaná donde ha trabajado en artesanía y en la promoción cultural.  Realizó talleres de escritura y creación literaria. Ha colaborado con la prensa regional y la revista literaria Trizas de Papel. Es co-autora de la Antología de un Taller publicado en 1998 en el Centro de Actividades Literarias "José Antonio Ramos Sucre" de Cumaná.  Tiene  varios  libros  en espera de publicación.



"Porta Aberta ao Mar" / peça de teatro de viviana marcela iriart (fragmento), fotos Roland Streuli


Rosalinda Serfaty y Fedra López. Foto: Roland Streuli



Obra estreada o 14 de Abril de 2007 na Sala de Concertos do Ateneo de Caracas, Venezuela, no ciclo “Três dramaturgas do silêncio ao estalido”, em homenagem a Esther “Dita” Cohen.







A: 
Sonia M.Martin, sempre, por tudo; Yamelis Figueredo e Elly Messmer, porque acreditaram em mim quando nem sequer eu acreditava em mim;  Doris Berlín, pela vida que me deu; Rubén Rega, por suas críticas e sugestões;  Fanny Arjona, por sua amorosa compreensão.
Às vítimas das ditaduras e revoluções de direita, esquerda, centro...





Argentina, aproximadamente 1990. A sala de uma casa velha. É um lugar cálido, com poucos elementos. Um janelão; um abajur de pé, apagado, quem terá uma luz muito cálida quando seja ligado; um cabide, um sofá.
É o final da tarde de um dia de inverno.
Sandra, exilada argentina de uns quarenta anos, chega à casa de Dunia, amiga da infância da mesma idade, depois de mais de dez anos de ausência.  
As duas estão vestidas informalmente, percebendo por a forma de vestir-se que são duas profissionais modernas e de sucesso.
Sandra e Dunia manterão sempre um estrito controle de suas emoções: temem esgotar-se. Podem alçar a voz, mas não gritar, rir com alegria verdadeira mas não às gargalhadas, emocionar-se até as lágrimas mas não chorar com desesperança. Nunca perdem a compostura.
O que elas receiam manifestar com palavras exprimem-no a través da dança: uma dança moderna e à vez antiga, como seus conflitos.



Ato Único
    
O cenário está na penumbra.
Escuta-se a Susana Rinaldi cantar Por que vai vir, (Porque vas a venir)  de Carmen Guzman e Mandy, até o momento no que as personagens falam.
Dunia entra pelo lateral direito, emocionada, nervosa. Senta-se, para-se, vai de um lado ao outro. Está muito contente. Quase não pode conter o riso.
Pelo lateral esquerdo faz sua aparição Sandra. Está nervosa e emocionada, mas seus movimentos são lentos e controlados. Detêm-se quando chega ao janelão, que se ilumina tenuemente com uma luz cálida. Olha para o interior mas não vê ninguém. Dunia tem saído de cena nesse momento. Avança até o proscênio
Dunia entra e não a vê. Vai até o proscênio.
Até que se indique o contrario, Sandra e Dunia atuarão como se estiveram num sonho. 
Não se olharão nem tocarão jamais. Quando falam, é como se falassem consigo mesmas.

  
“Por que você vai vir, minha casa velha
inaugura uma flor em cada grade.
Por que vai chegar, depois de tanto,
confundem-se em mim, risos e choros.

Sei que vai vir não o diz,
mas vai chegar uma manhã.
Na minha voz há um canto, já não estou triste
e entra um raio de sol por minha janela.

Porque vai chegar, de uma longa viagem,
é diferente a cor, outra a paisagem.
Tudo tem outra luz, tem outro jeito,
porque vai chegar depois de tudo.

Porque vai vir, desde tão longe,
hoje voltei olhar-me no espelho.
E como me verão, perguntava-me,
os olhos desse hoje que eu esperava.

Porque vai vir, minha casa velha,
inaugura uma flor em cada grade.
Porque vai chegar, é que espero-lhe
porque você me quer e eu te quero.
Porque vai chegar, é que eu te espero.
“porque você o quer e eu o quero.”


SANDRA (como se estivera sozinha, sem notar à Dunia)
E então pensei, terá mudado muito? Terei mudado tanto?

DUNIA (Na mesma atitude de Sandra)
Eu esperava impaciente. Olhava-me nos espelhos e perguntava-me com que olhar veria estas rugas que pegaram meus olhos sem os seus. Reconhecer-me-ia  com estes cabelos brancos que não lhe contei?

SANDRA
A rua de sua casa parecia a mesma. A laranjeira na esquina do quitandeiro, as lajotas ainda quebradas no armazém de Dom Giuseppe, a magnólia que jamais quis dar flor. Mas sobre tudo o cheiro da laranjeira que sempre anunciava a cercania de sua casa. Tudo parecia igual.

DUNIA
Sua voz ao telefone, alegre e brincalhona, outra vez cá e não lá, a mesma voz de sempre e juro-lhe, tive vontade de comer-me o auricular para comer-me sua voz para que jamais fosse embora.

SANDRA (Põe-se de costas)
Confesso: tive medo. A campainha estava ali, pequenina e lustrosa. Parece um mamilo, pensei, um mamilo que convida ao erotismo, mas não, essa campainha-mamilo convidava-me ao passado, e eu dizia: o toco, não o toco. Estendia um dedo e acariciava-o lentamente, sem pressioná-lo, não seja que se excite e soe. Meu dedo lhe recobrava em minha memória.

DUNIA (Põe-se de costas)
Eu olhava-lhe a traves do olho da porta, a qual das duas via? Os anos passavam pelo olho de vidro, não me deixavam vê-la.

SANDRA (Avança devagar de costas até Dunia)
Meu dedo seguia na campainha. Uma porta tossiu debilmente e eu a escutava. O mamilo que geme não ia ter que ser tocado. Traspassei a soleira e arrimei meu peito, meu corpo todo sobre a porta.

DUNIA (Avança lentamente de costas até Sandra)
Eu  vi-la e colei meu corpo no exato lugar onde você tinha posto o seu. Uma porta separava-nos e uma porta unia-nos. Eu estava-me afogando e pensei: não há beira perto nem salva-vidas na cercania.

SANDRA
Sua respiração na minha orelha asfixiava-me, não me deixava pensar.
Eu enlouquecia, eu desvanecia.

DUNIA
O ar de sua boca dava-me calor e eu ia enchendo-me de doçuras velhas. 
O ar de sua boca queimava-me, eu era um bonzo.

SANDRA (Se para muito perto das costas de Dunia, sem tocá-la)
Seus dedos arranhando a madeira, arranhando e gemendo, como uma gata vagabunda em ponto de parir lembranças mortas.

DUNIA
Senti que se deslizava pela porta até chegar ao chão e a alcancei para não se bater.

SANDRA
Sua costa cravava-se na minha, me atravessava. Eu sofria, eu gozava.

DUNIA
Você chorava, você que jamais chorava, com um choro que não lhe conhecia.

SANDRA     
Você chorava e suas lágrimas tinham a mesma dor que sempre lembrava.

 DUNIA
Escutei-lhe dizer: por fim há voltado.

SANDRA
E escutei-lhe contestar: por fim hei regressado.

Susana Rinaldi canta “O coração ao sul  (El corazón al sur) de Eládia Blázquez. Sandra e Dunia miram-se por vez primeira, ainda estranhas, e dançam um tango mistura de coreografia clássica com moderna. No principio dançam mantendo a distancia de duas pessoas que não se conhecem; na medida em que o tango avança tomam confiança.

“Nasci num bairro onde o luxo foi uma sorte,
por isso tenho o coração olhando ao sul.
Meu pai foi uma abelha  na colmeia
as mãos limpas, o alma boa…

E nessa infância, a temperança forjou-me,
depois a vida tendeu-me mil caminhos,
e soube do magnata e do batoteiro,
por isso tenho o coração olhando ao sul

Meu bairro foi uma planta de jasmim,
a sombra de mina mãe no jardim,
a festa doce das coisas mais simples
e a  paz na relva de cara ao sol.

Meu bairro foi minha gente que já não está,
as coisas que já nunca voltarão,
se desde o dia no que fui embora
com a emoção e com a cruz
eu sei que tenho o coração olhando ao sul!

Levo em mim a geografia do meu bairro,
será por isso que não parti para sempre,
a esquina, o armazém, a garotada
os reconheço… são algo meu…

Agora sei que a distancia não é real
e descubro-me nesse ponto cardinal,
voltando a infância desde a luz,
tendo sempre o coração olhando ao sul!”



SANDRA
As vezes que Miri chorou cantando esta canção. Claro, desde Venezuela, “sul” significava Argentina. (Pausa. Sorri) Nos sentávamos num café em Sabana Grande e púnhamo-nos a lembrar. “Lembra-se da rua tal?"  “Claro! E você, lembra-se daquela esquina, daquela fragrância, daquela luz essa manhã?" (Pausa) Inevitavelmente surgia o tema das comidas... os sanduíches de “miga”! Você pode acreditar que na Venezuela não há sanduíches de "miga"? Agora que o tempo passou, penso que há poucas coisas tão bobas como ter saudades de uma comida, mas então... (Pausa) E assim, entre lembrança e lembrança, a mesa ia-se enchendo de gente, gente que sabia que Miri cantava, amadora só, e então... o que lhe pediam?

DUNIA
Miri cantava, os olhos iam-se-lhe enchendo de lágrimas e no final, quase como se o tivesse preparado, como se fosse uma atuação, com a última frase... uma lágrima caia.


SANDRA (Agradavelmente surpreendida)
Tem boa memória.

DUNIA
As vezes que me contou por carta! Se parecia que as sextas pela noite, a única coisa que você tinha para fazer era ir a Sabana Grande escutar Miri cantar...(Cantarola “O coração ao sul”)

SANDRA
E a lembrar. E... eu também chorava, sabe? Por que quando arrancam-lhe de sua terra e lhe deixam sem raízes no ar numa terra alheia, que outra coisa pode fazer senão chorar?

Ficam um instante em silêncio.

DUNIA (Está emocionada mas trata de dissimular)
E o quê foi da vida de Miri?

SANDRA (Sorri com ternura)
Passou-se todo o exilo chorando porque não suportava a distância. Quando tudo acabou teve medo de voltar… como eu…e ali está, ainda em Caracas, cantando o mesmo tango, dizendo: “No próximo mês regresso para sempre”. E o próximo mês não chega nunca.

DUNIA
Estranho paradoxo. Vocês sentindo saudades por um país que nós queríamos abandonar, qualquer pais era melhor do que este. Não se imagina a inveja, sana, mas inveja no fim, que me dava cada vez que recebia uma carta sua e estava no México, na Londres, em Nova Iorque... Porque nós estávamos... bem, como estamos agora, longe do mundo.

SANDRA
E eu invejava-lhe quando em suas cartas falava-me de seus passeios pela cidade... por minha cidade, reduzida a ser um mapa colado na cortiça de meu cozinha.

DUNIA
Mas quando moravas aqui... que feio parecia-lhe tudo! Não fazia mais que criticar,
lembra-se? Não havia país pior do que este.

SANDRA (Zombando-se com carinho)
Nem melhor. Porque nós ou somos os piores ou somos os melhores, mas iguais... jamais! Porque isso de ser como os latino-americanos... por favor! Nós somos europeus... ou éramos? Desde criança e como uma ladainha escutei essa frase, como se o ser europeus nos fizesse especiais e melhores.

DUNIA
É verdade. Depois sacaneávamos contra o italiano, a galega, o russo, o francês. Mas como gostávamos de ser europeus!


SANDRA
Até que a guerra das Malvinas chegou. Deve haver sido duro acordar um dia e
repentinamente... horror!  ser latino-americanos!!

DUNIA
Imagine-se, se Victoria Ocampo dizia que em Paris éramos exilados argentinos e em Buenos Aires exilados europeus. Mas a guerra pôs-nos em nosso verdadeiro lugar geográfico.

SANDRA
Tomara que não precisemos de outra guerra para aprender o que nos falta. (Pausa longa) E bem, parece que vou ser condenada agora.

(...)

Caracas 1984-1992

FotografiasRoland Streuli 
TraduçãoAlejandra Rodrigues (alita_matias@hotmail.com)




        Sandra                        Rosalinda Serfaty
Dunia                           Fedra López

   
Realização cenografia: Ramón Pérez Pina 
Assistente direção: Carlos Ramírez 
Assistente produção: Sonia Diaz

Musicalidade: Eduardo Bolíva
Cenografia e figurino: Carmen Garcìa Vilar
Iluminação:Carolina Puig
Produção artística: María Eugenia Romero-Carolina Puig 
  
Diretor: Anìbal Grunn
Produção Geral:Benjamìn Cohen         
















Quino: “La cara del humor también está en mis miedos” /entrevista de María Esther Gilio, 2001







Menudo, con una leve sonrisa que siempre ronda su rostro, Quino podría ser un personaje de sí mismo. No sería necesario forzar muchos cambios. El niño que fue un día está presente en sus gestos. Escuchándolo es fácil comprender que esos gestos tan llenos de resabios infantiles no son más que el reflejo de cómo es él interiormente.







–¿Usted, sus miedos, son entonces la más frecuente fuente de humor?
–Sí, encuentro la cara del humor en mis miedos y mis angustias. Esa es mi manera de exorcizarlos.
–Sin embargo, nunca vi que tomara como motivo de humor las angustias que siente cuando el chiste que debe entregar no le sale.
–Es verdad. No es mala idea. Ya me va a ver tirado en una cama arrancándome los pelos y derramando lágrimas.
–¿Eso hace cuando ve que el tiempo se le acaba y no ha dibujado nada?
–Me tiro en la cama y lloro, y digo que nunca más se me ocurrirá nada. Aunque llorar hace tiempo que lo dejé. Porque la experiencia me dice que siempre, al final, se me va a ocurrir algo. Además, es tan difícil saber qué le gustará y qué no le gustará a la gente. Uno nunca sabe eso.
–¿Por qué cree que hay tan pocas mujeres humoristas?
–Esa es una pregunta que nos hacen a menudo a los humoristas. Con Fontanarrosa hemos llegado a la conclusión de que la razón está en que la mujer es un ser mucho más fijado a la realidad que el hombre. Para ver la otra cara de la realidad, es decir el humor, hay que despegarse.
–¿Eso hace?
–Sí, yo para ponerme a trabajar trato de establecer un espacio intermedio. A la mujer le cuesta hacer esto. Por eso en los matrimonios es la mujer la que se da cuenta de las cosas.
–¿Ah, sí, usted cree? ¿De qué cosas?
–Por ejemplo, Alicia es la que se da cuenta de cómo es una persona que conocemos. Ella es la que sabe cuánto hay que gastar en tal o cual cosa y cuándo hay que esperar. En cambio me dejo influenciar por lo que se me ocurre en el momento.
–Bueno, usted tiene en la cara algo muy infantil, tiene expresión de niño.
–Sí, lo soy, lo soy.
–Entonces no sólo es la expresión. ¿En qué es un niño?
–Yo necesito que alguien se ocupe de mí. No sé moverme en eso que se relaciona con mis contratos de trabajo, por ejemplo. Todo eso lo hace Alicia.



 


–Recuerdo uno de sus chistes que tiene que ver con lo que hacen miembros de la pareja. En un ambiente prehistórico el hombre sale a cazar, pelea violentamente con una especie de mamut y vuelve a la cueva rengo, con un ojo negro y algún dedo de menos, pero feliz por haber cazado al enorme animal. La mujer lo mira y le dice...
–“Te olvidaste los rabanitos”.
–Sí, yo pensé que había allí algo de su vida cotidiana.
–Sí, claro. De pronto yo voy, con gran esfuerzo enfrento una, subo, bajo, pregunto, anoto. Cuando vuelvo, Alicia dice: “¿preguntaste por qué el mes pasado no mandaron los recibos?” No, que no pregunté.
–Descríbase a sí mismo entrando en una de esas enormes oficinas llenas de escaleras, gente que va y viene, empleados con caras de aburridos.
–Ah no, no... ¡qué sufrimiento! Por todas partes las colas con personas que llevan papeles en las manos y tras las ventanillas empleados que quieren por sobre todas las cosas distribuir gente para sacarla de su vista. “Pregunte en el subsuelo”. “Ese plazo no empezó a correr”, “Segunda puerta en el corredor de la derecha”. “Ese plazo expiró. Debe comenzar el trámite otra vez.” Son sádicos y usted también, haciéndome revivir todo eso. Por lo menos un poco sádica.
–Sí, un poco. Pero es muy gracioso. Fíjese que mientras me describía la oficina, cerró los ojos dos o tres veces y arrimó sus brazos al cuerpo como si quisiera achicarse. Convertirse en uno de esos hombrecitos que suele dibujar desbordados por la dureza del mundo.
–Sí, así están esos hombrecitos, desbordados, arrinconados.
–Y usted se siente así algunas veces.
–Muchas veces. En los restaurantes, por ejemplo. Porque allí el mozo manda y uno dependerá de él para sentirse mejor o peor. Y ni hablar de lo que pasa en el mundo médico. Ahí sí que uno se vuelve chiquitito. Se transforma en un microbio.
–Por otra parte las mujeres en sus dibujos son grandotas, dominantes.
–Se ve que se me han pegado las suegras de nuestra cultura. Las que traían Patoruzú y Rico Tipo.




 


–¿Qué tipo de situaciones le resultan graciosas? Por ejemplo, en la calle.
–Yo observo mucho, porque me hacen gracia los perros con sus amos. Un hombre va con su perro y se acerca a otro con otro perro. Los perros quieren juntarse, olfatearse, cambiar información. Pero los amos no están dispuestos a esa relación que consideran peligrosa y ambos tiran las correas con expresión de fastidio, mientras los perros con las orejas caídas, torciendo las cabezas se echan las últimas miradas.
–Hablando un poco de los personajes que rodean a Mafalda. ¿Cómo fueron naciendo?
–Después de haber hecho durante un tiempo a Mafalda y sus padres me cansé, sentí que debía enriquecer ese mundo. Ahí metí a alguien bien distinto de Mafalda, Felipe.
–¿Tiene algo que ver con una persona real?
–Sí, tiene que ver. Está basado en Jorge Timossi.
–¿El poeta? ¿Y por qué es tan distinto de Mafalda?
–Y, por lo pronto se fue a vivir a Cuba apenas llegada la Revolución.
–Cosa que no haría Mafalda.
–A Mafalda la veo menos dispuesta a jugarse por un sueño. Mafalda es una escéptica. Jorge era un poeta incluso en su actitud física. Muy alto, de movimientos lentos. Recuerdo cuando lo conocí, sentado, con las piernas cruzadas y oliendo una flor de cabo larguísimo. Era una figura hermosa y un gran poeta. Ya no tiene aquellos movimientos en ralentiseur pero sigue siendo un poeta fascinante. Y bueno: Felipe tiene que ver con él, con alguien que es capaz de apoyar con toda su pasión y con su misma vida la revolución. Alguien especial. Fuerte, lúcido, que se juega por sus creencias.
Susanita también es opuesta a Mafalda, aunque por otros motivos. Susanita acepta como “lo mejor” todo aquello que Mafalda impugna. Quiere casarse con un ejecutivo millonario y sus ideales tienen que ver con el orden y la estabilidad.
–Es la antiMafalda, como Manolito es el antiFelipe. También está el Guille que no nació por oposición a nadie. Es un sobrino mío... creo que ya hablamos de él en alguna entrevista anterior. Usted me preguntaba sobre las cosas que me movían a risa y yo le conté esto que me pasó y me resultó extraño a mí mismo. ¿Recuerda? Yo había ido a ver a mi sobrino que estudiaba en Basilea y de pronto veo en la pared de su casa la foto de un muchacho que parecía pegado con plasticola a una roca absolutamente lisa que caía a pico sobre un abismo... “¡Y este loco quién es!”, le pregunto. “Era hermano de Félix”, dice él. “¿Cómo era?” “Sí, se cayó”, dijo él. La historia era trágica, pero a mí y a Alicia nos arrancó una carcajada.
–¿Y sabe por qué las malas palabras causan tanta gracia a la gente?
–Me lo he preguntado y tampoco lo sé. ¿Usted sabe que el Guille es muy mal hablado?
–El Guille real, porque en sus dibujos nunca vi una mala palabra.
–No, jamás. Pero es que recién desde hace poco tiempo pueden decirse. El “que lo parió Mendieta” de Fontanarrosa es bastante nuevo. Ahora, usted me pregunta por qué hacen gracia las malas palabras. Fíjese lo que me pasó hace poco, con Los Midachi. Son famosísimos. Para conseguir entrada se hacen interminables colas, pero yo quería verlos, al fin y al cabo ellos también hacen humor. Me interesaban. Quería ver de qué se trataba, y fuimos. Y lo único que escuchamos durante toda la función fueron malas palabras. Pero no en el estilo Pinti, malas palabras al servicio de ideas inteligentes, sino sólo malas palabras, agresividad y ninguna idea. Se ríen de los negros, de los paralíticos, de los homosexuales, de los ciegos, de los judíos. Yo no podía creer lo que oía. Lo único que se puede decir es que no son cómicos sino mala gente. Y que explotan lo peor que hay en el público. Lo triste es el éxito que tienen. Un éxito tremendo.
–Hay un tema que usted suele tratar y que, a mí, me gusta especialmente. Me refiero al tema de la muerte. Recuerdo un viejito agonizando en su cama. La muerte se acerca. El viejito la agarra de un manotazo y se acuesta con ella. Luego aparece la muerte por ahí, con guadaña y todo, empujando un cochecito. Me sentí feliz.
–En cambio, hay gente que se angustia con ese tema. Hice una tira con viejitos que, en lugar de estar en “el otoño de la vida” están en “la primavera de la muerte”. Una señora me llamó y me dijo: “Le hablo como madre, no tiene derecho a amargarme la vida”.







 

–¿Cuál es según usted la relación entre el humor y la realidad?
–No tengo las cosas claras. Mire esta página que estoy dibujando.
–Es una boda en un laboratorio. Tendrá que ver con el sida.
–Sí, claro. El médico es quien los casa. Lo que quiero decir es que pronto será más importante la medicina que la religión. El dibujo trata de mostrar un período de transición. En un rincón está la madrina y las señoras que lloran en las bodas. Esa es la parte que subsiste aún, que todavía no cambió. Yo no sé cuál es la relación del humor con la realidad. Fontanarrosa dijo un día que los humoristas tenemos una especie de antena que nos permite ver cosas que aún no son claras.
–¿Algún día la obligación del humor a plazo fijo dejará de angustiarlo?
–A veces sueño que dibujo páginas y páginas. En el sueño todo es muy lindo y muy gracioso. Pero me despierto y no. En cambio, cuando me estoy durmiendo de pronto me asaltan buenas ideas. Enciendo la luz y las anoto. No entiendo a los que dicen que hay mecanismos que se pueden aprender y ponen las cosas en marcha.
–¿Cómo serían esos mecanismos?
–El de los Picapiedras sería un ejemplo. Pero a mí me enferman. 


© María Esther Gilio
Buenos Aires,  1 de octubre de 2001

Fuente: Página 12