Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares en "Flores Raras": Glória Pires vive triângulo homossexual em novo filme de Bruno Barreto/ "Gloria Pires vive triángulo lésbico en nueva película de Bruno Barreto" / por Stella Rodrigues, 5 Ago 2013, Rolling Stone / "Glória Pires fala do desafio de viver uma personagem real e interpretar em inglês" -" Gloria Pires habla del desafío de hacer un personaje real e interpretar en inglés", Globo Filmes 16/08/ 2013




Flores Raras: a história de amor da arquiteta Lota de Macedo Soares  (a idealizadora do Aterro do  Flamengo e da poetisa Elizabeth Bishop




Flores Raras: la história de amor de la  arquiteta Lota de Macedo Soares  (la creadora del parque   Aterro do  Flamengo ) y de la  poetisa Elizabeth Bishop


/ por Globofilmes




Glória Pires fala do desafio de viver uma personagem real e interpretar em inglês  / Gloria Pires habla del desafío de hacer un personaje real e interpretar en inglés.



Glória Pires estreou em uma grande produção de cinema como protagonista do filme “Índia, a Filha do Sol” em 1981. Desde então, sua filmografia ficou marcada pela diversidade de estilos nos personagens que interpreta. Na bem-sucedida franquia “Se eu Fosse Você”, de Daniel Filho, a atriz trocou de corpo por duas vezes com Tony Ramos. Em “Lula, o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto, interpretou Dona Lindu, mãe do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Gloria Pires se inició en el cine en una gran producción como protagonista del filme  “Índia, a Filha do Sol” en 1981. Desde entonces, su filmografía quedó marcada por la diversidad de estilos en los personajes que interpreta. En la exitosa franquicia  “Se eu Fosse Você”, de Daniel Filho, la actriz cambió de cuerpo dos veces con Tony Ramos. En “Lula, o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto, interpretó a Doña Lindu, la madre del ex presidente Luis Ignacio da Silva.

Com mais de 15 filmes no currículo, Glória dá mais uma prova de sua versatilidade, ao interpretar a arquiteta Lota de Macedo Soares, no longa-metragem de Bruno Barreto que chega ao circuito em 16 de agosto. Na coprodução Globo Filmes ela atua boa parte do tempo em inglês para recriar o romance da idealizadora do Aterro do Flamengo com a poetisa americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto), que viveu no Brasil entre 1951 e 1966. Em entrevista ao portal Globo filmes, a atriz revela detalhes da relação entre as duas personagens e conta curiosidades sobre os bastidores das filmagens. 

Con más de 15 películas en su currículum, Gloria da una prueba más de su versatilidad al interpretar a la arquiteca Lota de Macedo Soares, en el largometraje de Bruno Barreto que se estrena el 16 de agosto. En la coproducción de Globo Filmes ella actúa buena parte del tiempo en inglés para recrear el romance de la creadora del Aterro do Flamengo con la poetisa america Elizabeth Bishop (Miranda Otto), que vivió en Brasil entre 1951 y 1966. En la entrevista al portal Globo Filmes, la actriz revela detalles de la relación entre los dos personajes y cuenta curiosidades sobre el detrás de cámara de la filmación.

Como é o desafio de levar às telas uma personagem real?
Lota é um personagem importante para a vida do Rio, mas que pouquíssimas pessoas conhecem. Foi um desafio interpretar essa mulher à frente de seu tempo, visionária, que tinha como principal preocupação fazer com que a cultura estivesse viva entre população da cidade. O último projeto dela, que foi o Aterro do Flamengo, cumpre essa missão. Eu tenho que inventar palavras para definir como foi interpretar este personagem fantástico. 

Cómo es el desafío de llevar a la pantalla un personaje real?
Lota es un personaje importante para la vida de Río, pero que poquísimas personas conocen. Fue un desafío interpretar a esa mujer adelantada a su tiempo, visionaria, que tenía como principal preocupación hacer que la cultura estuviera viva entre la población de la ciudad. El último proyecto de ella, que fue el Aterro do Flamengo, cumple esa misión. Yo tengo que inventar palabras para definir como fue interpretar a este personaje fantástico.

Em relação ao romance vivido pelas protagonistas, o que você acha que uma viu na outra?
Acredito que o fato das duas terem uma história de perda de suas famílias pode ter as unido. Uma era o oposto da outra, acho que isso gerou essa atração. O casamento durou 15 anos.

En relación al romance vivido por las protagonistas, ¿qué crees tú que vio una en la otra?
Creo que el hecho de que las dos tienen una historia de pérdida de sus familias puede haberlas unido. Una era lo opuesto de la otra, creo que eso generó atracción. El casamiento duró 15 años.

Você atuou em inglês e contracenou com atrizes com outras formações e bagagens. Como é essa dinâmica no set? 
Ótimo. Houve uma empatia muito grande. A Tracy Middenfort e a Miranda Otto são duas excelentes atrizes. No início, foi um pouco trabalhoso ficar à vontade com ideia de atuar em inglês, mas foi tudo muito bom.

Tú actuaste en inglés e interactuaste con actrices con otras formaciones e experiencias. Cómo fue esa dinámica en el set?
Genial. Hubo una empatía muy grande. Tracy Middenfort y  Miranda Otto son excelentes actrices. En el inicio, fue un poco difícil sentirme a gusto con la idea de actuar en inglés, pero todo fue muy bien. 

Onde você foi buscar informações para construir a personagem?
Lota era muito reservada e não gostava de fotografias, por isso não existem muitas imagens ou registros audiovisuais nas quais eu pudesse me basear. Fui buscar em documentos e correspondências entre ela e o (governador) Carlos Lacerda. E também num livro americano sobre a Elizabeth Bishop que, consequentemente, traz muitas informações sobre a Lota. A partir dele peguei diversas referências em relação a ela, sobre seu jeito. Foi assim que tive um contato maior com a personalidade da personagem.

Donde buscaste informaciones para construir el personaje?
Lota era muy reservada y no le gustaban las fotografías, por eso no existen muchas imagenes o registros audiovisuales en los cuales me pudiera basar. Busqué en documentos y correspondencias entre ella y el (gobernador) Carlos Lacerda. Y también en un libro americano sobre Elizabeth Bishop que, por consecuencia, tiene muchas informaciones sobre Lota. A partir del libro tuve diversas referencias en relación a ella, sobre su forma de ser. Fue así que tuve  un contacto mayor con la personalidad del personaje.

Como era a relação da Lota com o Lacerda? 
Eles eram muito amigos e, de certa forma, suas ideias progressistas influenciaram algumas atitudes do Lacerda como político. Lota era uma mulher à frente de seu tempo.

Cómo era la relación de Lota con Lacerda?
Ellos eran muy amigos y, de cierta manera, sus ideas progresistas influenciaron algunas actitudes de Lacerda como político. Lota era una mujer  adelantada a su tiempo.

Você comentou que gostaria que quem fosse assistir ao filme não ficasse preso à questão da sexualidade.  Qual a principal temática de ‘Flores Raras’?
Todo filme que tem cenas de amor e de romance acaba atraindo um interesse especial das pessoas. Sendo a relação homossexual esse interesse cresce. A gente sabe que até hoje os homossexuais são perseguidos e naquela época mais ainda, por conta disso acredito que as duas buscavam essa vida mais afastada do meio social. A questão da homossexualidade está ali, mas o mais importante é conhecer a história dessa carioca e dessa americana.

Tú comentaste que te gustaría que la persona que viera la película no quedara atrapada por la cuestión de la sexualidad. ¿Cuál es la principal temática de "Flores Raras"?
Toda película que tiene escenas de amor y de romance acaba atrayendo un interés especial en las personas. Siendo una relación homosexual ese  interés crece. Una sabe que hasta hoy los homosexuales son perseguidos y en aquella época todavía más, a raíz de eso creo que las dos buscaban esa vida más apartada del medio social. La cuestión de la homosexualidad está allí, pero lo más importante es conocer la historia de esa carioca y esa americana.

Fonte: Globofilmes
16/08/2013

Traducción al español: vmi




Glória Pires vive triângulo homossexual em novo filme de Bruno Barreto







“Foram 17 anos esperando o projeto acontecer”, disse a atriz sobre Flores Raras, que conta a história de amor da arquiteta Lota de Macedo Soares  (a idealizadora do Aterro do  Flamengo e da poetisa Elizabeth Bishop


"Han sido 17 años de espera para que el proyecto se realizara", dijo la actriz sobre Flores Raras, que narra la historia de amor de la arquitecto Lota de Macedo Soares (la creadora del Aterro do  Flamengo de Rio de Janeiro) y la  poeta Elizabeth Bishop






As atrizes Miranda Otto e Glória Pires, o diretor Bruno Barreto e a produtora Paula Barreto participaram de uma coletiva no início da tarde desta segunda, 5, em São Paulo, para promover o filme Flores Raras, que conta uma versão da história de amor real vivida pela arquiteta Lota de Macedo Soares (Glória) e a poetisa norte-americana Elizabeth Bishop (a australiana Miranda) nos anos 50.
Las actrices Miranda Otto y Glória Pires, el director Bruno Barreto y la productora Paula Barreto participaron de una rueda de prensa al comienzo de la tarde este lunes, 5, en  São Paulo, para promover la película  Flores Raras, que cuenta una versión de la historia de amor real vivida por la arquitecta Lota de Macedoa Soares (Glória) y la poetisa norteamericana Elizabeth Bishop (la australiana Miranda) en los años 50. 
“Quando recebi o e-mail, não acreditava na minha sorte de ter o papel e de vir para o Brasil e fiquei maravilhada com a estética e cinematografia”, disse Miranda, logo no começo da entrevista. “Eu não sabia muito sobre Elizabeth Bishop e quando li o roteiro fiquei encantada com essas mulheres.”
"Cuando recibí el correo electrónico, no podia creer la suerte que tenía de tener el papel y venir a Brasil y quedé maravillada con la estética y  la cinematografía", dijo Miranda, al inicio de la entrevista. "Yo no sabía mucho sobre  Elizabeth Bishop y cuando leí el guión me quedé encantada con estas mujeres."
O projeto nasceu há quase duas décadas, quando Lucy Barreto, mãe de Bruno, comprou os direitos do livro Flores Raras e Banalíssimas – A História de Lota de M. Soares e Elizabeth Bishop, de Carmen Lucia Oliveira. Logo pensou em Glória Pires para o papel de Lota, mas teve dificuldade de encontrar um diretor.
El proyecto nació hace casi dos décadas, cuando Lucy Barreto, la madre de Bruno, compró los derechos del libro Flores Raras y Banalíssimas - La historia de Lota M. Soares y Elizabeth Bishop, de Carmen Lucía Oliveira. Inmediatamente pensó en Gloria Pires para el papel de Lota, pero tuvo problemas para encontrar un director.
“Minha mãe me ofereceu e eu não me interessei, aí ofereceu para o Hector Babenco e ele também não se interessou. Quando minha ex-mulher Amy Irving fez o monólogo da Marta Góes Um Porto para Elizabeth Bishop, lá nos Estados Unidos, senti uma ‘cosquinha’”, contou Barreto. Só então nasceu a vontade de trabalhar no projeto. “Fui ler o livro e passei anos tentando achar o ângulo. Aí me ocorreu que o que permeava tudo aquilo era a perda. A pessoa forte, resolvida, vai perdendo tudo e a pessoa alcoólatra, perdida, vai se fortalecendo porque aprende a lidar com a perda”, define Barreto.
"Mi madre me lo ofreció y yo no me interesé, ahí se lo ofreció a Héctor Babenco y él tampoco se interesó. Cuando mi ex esposa, Amy Irving, hizo el monólogo de Marta Góes  Un puerto para  Elizabeth Bishop, allá en los Estados Unidos, sentí un 'cosquilleo'", dijo Barreto. Sólo entonces nació el deseo de trabajar en el proyecto. "Leí el libro y pasé años tratando de encontrar el ángulo. Entonces se me ocurrió que lo que atravesaba toda esa historia  era la pérdida. La persona fuerte, resuelta, lo va perdiendo todo  y la persona alcohólica, perdida, se hace más fuerte porque aprende a lidiar con la pérdida ", dijo Barreto.
Glória aceitou o papel desde o início. “Foram 17 anos esperando o filme acontecer. Para mim foi um presente”, afirmou a atriz. “O que me atraiu até hoje em um personagem não foi a semelhança comigo, mas que tipo de vivência poderia ter com ele, que interpretação faria. E, claro, roteiro, diretor, a gente vai se cercando de coisas legais. Ela é muito mais aberta do que eu, sou muito mais comedida. Ela [Lota] pensava algo e ia atrás de realizar, eu sou mais de refletir.”
Gloria aceptó el papel desde el principio. "Han sido 17 años esperando que la película se realizara. Para mí fue un regalo ", afirmó la actriz. "Lo que me atrajo hasta el día de  hoy del personaje no fue la semejanza conmigo, sino que tipo de  vivencia podría tener  con él, que interpretación haría. Y, por supuesto, el guión, el director, una se va rodeando de cosas muy  interesantes. Ella es mucho más abierta de lo que soy, mucho más comedida. Ella [Lota]  pensaba  algo e iba inmediatamente trataba de realizarlo,   yo soy más de  reflexionar ".
Flores Raras, como quase sempre é o caso, não é uma cinebiografia 100% fiel aos fatos da vida real. Há concessões e liberdades artísticas muito bem-vindas. “O compromisso maior da ficção é com a verossimilhança e não com a realidade. Às vezes, você coloca a verdade na tela e não fica verossímil”, explicou o diretor.
Flores raras, como  casi siempre, no es un cinebiografía 100% fiel a los hechos de la vida real.Hay concesiones y libertades artísticas muy bienvenidas. "El mayor compromiso de la ficción es con la verosimilitud y no con la realidad. A veces se pone la verdad en la pantalla y no es creíble ", explicó  el director.
Por mais que a perda seja, de fato, a temática de maior peso no longa – algo que ele deixa abundantemente claro em todas as cenas e reforça até mais do que o necessário no final –, os relacionamentos de três mulheres homossexuais caiu como uma luva ao atual cenário político do Brasil. “O filme veio em um momento bom, quando essas questões já estavam em discussão. Ele acrescenta, mostra duas mulheres em uma vida conjunta absolutamente comum, desmistifica um pouco”, define Glória. Bruno acrescenta que as filmagens terminaram há cerca de um ano e meio, antes de essa ser uma pauta tão quente no país.
Por mucho que la pérdida es, de hecho,  la temática de mayor peso en el filme - algo que el deja muy claro en cada escena y refuerza aún más de lo necesario en el final-  las relaciones de tres mujeres homosexuales cayó como un guante en el escenario político actual de Brasil. "La película llegó en un buen momento, cuando  estas cuestiones ya estaban en discusión. Y  la película suma, porque  muestra a dos mujeres en una vida juntas absolutamente común, desmitifica un poco"  define Gloria. Bruno añade que la filmación terminó alrededor de un año y medio, antes de que este sea un tema tan caliente en el país.
“Se fosse a pauta do dia, seria mais fácil”, contou ele, que, ao lado da irmã Paula, teve dificuldade para captar dinheiro por causa da temática homossexual. “O Itaú, conservador, participou. O banco onde a gente tem conta não quis patrocinar”, disse. “Foi o maior investidor privado que tivemos. Não fosse isso, não teríamos pagado as dívidas”, complementou Paula, afirmando que foram R$ 13 milhões de investimento. “Filme de época é sempre caro”, disse sobre o projeto, que tem cenografia e figurinos caprichados e muitos efeitos especiais para deixar o Rio de Janeiro com cara de década de 50.
"Si fuera la agenda del día, sería más fácil", contó él, que junto a su hermana  Paula, tuvo problemas para conseguir eldinero por la temática homosexual. "El (banco) Itaú, conservador, participó. El banco donde tengo mi cuenta no quiso participar", dijo. "Fue el mayor inversor privado que tuvimos. Si no fuera por eso, no habríamos pagado las deudas", agregó Paula, afirmando que fueron £ 13 millones de inversión. "Hacer películas de época es siempre caro", dijo sobre el proyecto, que tiene escenografías  y trajes de época y muchos efectos especiales para mostrar a  Río de Janeiro con la cara de la década del 50.
Barreira do idioma
Outro ponto que tem se destacado na carreira para Glória é o desafio de interpretar em inglês. “A questão do inglês foi complicada. Tivemos apoio da Barbara, atriz norte-americana, que ajudou a soltar a língua. Me preocupavam mais as cenas de emoção, porque nessas horas você vai para o seu cantinho, seu conforto”, afirmou ela. Já o diretor maximizou a dificuldade que ela encarou, de trabalhar em outra língua, e destacou: “Sempre achei a Glória um monstro, é uma das maiores atrizes, como todo mundo sabe. Eu só não sabia que ela seria um monstro em inglês também. Penelope Cruz, Antonio Banderas... muita gente tenta e nem sempre dá certo. Eu não sei qual o segredo dela, só sei que deu muito certo.”


Barrera lingüística 
Otro punto que se ha destacado en la carrera de Gloria es el desafío de interpretar en inglés. "La cuestión del inglés fue complicado. Tuvimos el apoyo de Barbara, la actriz estadounidense, quien ayudó a aflojar la lengua. Me preocupaban más las escenas de emoción, porque en ese momento tú vas para tu lengua, tu comodidad" , dijo. El director maximizó la dificultad que ella enfrentó, de trabajar en otro idioma, y ​​dijo: "Siempre he pensado que Gloria es un monstruo, es una de las más grandes actrices, como todo el mundo sabe. Yo solamente no sabía que ella sería un monstruo también en inglés. Penélope Cruz, Antonio Banderas ... mucha gente intenta y no siempre funciona. Yo no  sé cuál es el secreto de ella, sólo sé que funcionó muy bien ".

Flores Raras, que chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 16 e abre o festival de Gramado (que começa no próximo dia 9), também já foi exportado para países como Escandinávia, Arábia, Coréia e Alemanha. Será lançado na primeira semana de novembro, nos Estados Unidos – estrategicamente, para poder concorrer ao Oscar e Globo de Ouro.
Flores raras, que llega a los cines brasileños el 16 y abre el Festival de Gramado (que comienza el 9 de junio), ya fue  exportado a países como Escandinavia, Arabia, Corea y Alemania. Se dará a conocer la primera semana de noviembre, en los Estados Unidos - estratégicamente, para poder ser elegible para el Oscar y el Globo de Oro.

por Stella Rodrigues
5 Ago 2013
Traducción al español: vmi







Flores Raras

Filme recria ambientes da década de 50 e 60


A história de amor entre Elisabeth Bishop (poeta americana vencedora do Prêmio Pulitzer em 1956) e Lota de Macedo Soares (“arquiteta” carioca que idealizou e supervisionou a construção do Parque do Flamengo). Ambientado no Brasil dos anos 50 e 60, quando a Bossa Nova explodia e Brasília era construída e inaugurada, o longa acompanha a história dessas duas grandes mulheres e suas trajetórias 
Quem já foi ao cinema assistir a“Flores Raras” teve a oportunidade voltar 60 anos no tempo e conhecer melhor o Rio de Janeiro de meados do século XX. O filme de Bruno Barreto se passa durante os anos 50 e 60, quando a cidade vivia intenso período de expansão ao incorporar diferentes modelos de arquitetura e construir novos cenários e espaços. O longa registra esse ambiente de transformação da cidade através de um cuidado estético, recriando locais e adaptando cenários através de efeitos especiais e intervenções técnicas.

Para representar a época em questão, “Flores Raras” contou com o trabalho de parceria entre fotografia e direção de arte. O longa retrata a relação de amor entre a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares e a poeta americana Elizabeth Bishop. “Flores Raras” não abandona releitura fiel dos lugares pelos quais a história de amor das duas se passou. A Região Serrana fluminense, a cidade de Nova York e o próprio Rio de Janeiro foram recriados cuidadosamente no longa.

Lota, que é interpretada por Glória Pires, foi idealizadora do Parque do Flamengo. Para recriar o momento de construção do Parque, por exemplo, a equipe do filme foi gravar numa fazenda localizada no bairro do Recreio, Zona Oeste do Rio. O espaço tem uma enorme área aberta, que remete ao local que estava sendo construído. A equipe gravou na fazenda e em seguida no próprio Aterro do Flamengo, fazendo a junção dos espaços na pós-produção e dando a ideia de volta no tempo.  Segundo Mauro Pinheiro, diretor de fotografia do filme, o posicionamento de câmeras no espaço recriado foi tamanho, que até o movimento do sol foi estudado e representado na posição certa:

"Vivi muito tempo no Flamengo, então o parque sempre foi familiar pra mim.  O sol no parque nunca está à direita do Pão de Açúcar, por exemplo. Tivemos essa preocupação de encaixar esse espaço na rota do sol e quando formos ao Aterro filmar o mar e o entorno, tínhamos essa correspondência", detalha o fotógrafo.
Pinheiro conta que a opção por planos abertos ajudou a ilustrar esses espaços pelos quais o filme remetia. Segundo ele, quem assiste a “Flores Raras” vivencia o romance das duas personagens sem estar inserido num contexto claustrofóbico. O espectador é apresentado a uma grande quantidade de paisagens recriadas. O diretor lembrou ainda, que muitas cenas de continuidade precisaram de recursos digitais para alcançarem resultado. Mauro Pinheiro  citou o exemplo de um jardim, que não poderia ser destruído e acabou apagado através de efeitos especiais.  Ele acredita que o trabalho conjunto da fotografia com a direção de arte do filme foi fundamental na recriação desses espaços específicos. Para o fotógrafo, é impossível inclusive demarcar onde um dos departamentos deixa de interferir no que é definido pelo outro.



"Esses dois departamentos ficam misturados. Era um trabalho muito difícil e entrava esse terceiro elemento dos efeitos digitais. O jardim da casa da Serra não podia ser destruído, mas no começo do filme ele está em construção, então foram os efeitos que o derrubaram. Tinha a luz, a arte e os efeitos com os três aspactos caminhando juntos".

Em parceria com o trabalho realizado por Mauro na fotografia, a direção de arte de “Flores Raras” foi comandada por José Joaquim Salles. O diretor de arte reforçou que o uso de efeitos especiais foi fundamental para a releitura da época. Para ele, a ambientação de “Flores Rarars” para o período antigo aconteceu graças a uma cooperação mútua de seu departamento aliado ao de fotografia e também ao trabalho do diretor Bruno Barreto. Salles relembrou as dificuldades de preservar os espaços da época do filme e, em sua opinião,  o maior desafio estético ao voltar no tempo foram as variações da moda ao longo dos anos, que acaba transformando o que é antigo em atual. Segundo Salles, muitos elementos da década de 50 como móveis e artigos do gênero voltaram a ser usados hoje em dia.

"Um problema grande foi que tem muita coisa que voltou a ser moda hoje em dia, então, por mais que tivesse a ver com a época, ainda ficava com cara de atual. Tivemos que nos desdobrar e procurar outras referências para fazer o ambiente ter cara de anos 50 e 60", observa o diretor de arte.



“Flores Raras” estreou nos cinemas no último dia 16. O longa, que segue em cartaz em todo o país, é uma coprodução Globo Filmes

Fonte: Globofilmes
23/0820/13